Alguns amigos me acham “alternativa”. Já virou até motivo de piada, quando vamos ao cinema o pessoal já pergunta: “Foi a Giovana que escolheu o filme?? Xiiiii....”. Nada contra, eu me divirto e não faço o menor esforço pra mudar essa imagem! O problema é que descobri que eu, como alternativa, ainda sou muito careta. Tudo por causa da 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Pra começar, esta é a 32ª (trigésima segunda!) Mostra realizada por aqui e a primeira de que eu participo. Pra falar a verdade, acho que é a primeira de que eu tomo conhecimento. Posso até ter ouvido falar dela nos outros anos, mas era uma informação que passava despercebida.
Esse ano não só tomei conhecimento como me empolguei e resolvi me aventurar pra valer nessa maratona. Mas a primeira dificuldade veio logo de cara, na minha primeira “cheirada” no site oficial do evento: como escolher entre quase 500 filmes diferentes, dos quais eu nunca ouvi falar?! Fiquei completamente desnorteada. Acabei fazendo uma pequena seleção baseada em comentários de jornais e nos meus instintos. Como isso não foi suficiente, tive que aplicar também o critério geográfico, fazendo escolhas que contemplassem os lugares mais variados do planeta onde se faz cinema, do Japão até a Etiópia. E completei buscando também escolher salas variadas, aproveitando assim pra “dar uma geral” nos cinemas de São Paulo.
Bem, a maratona começou e a experiência até agora tem sido.... interessante.
Eu diria que as pessoas que freqüentam a Mostra são, estas sim, alternativas (pra provar, mais uma vez, que tudo é relativo!). Uma das primeiras curiosidades que matei foi como as pessoas arrumam tempo para ver três, às vezes até quatro filmes por dia. Descobri que muita gente tira férias só pra acompanhar a Mostra. Também reparei que, neste circuito “alternativo”, a moda entre os homens é ter barba. “Osamas Bin Laden” estão aos montes por aí assistindo filmes B. Vi até um que tinha uma espécie de trança na barba, como um penteado preso com elásticos, não sei bem como descrever. Muito criativo, nunca vi nada parecido. Sapatos e óculos coloridos são a regra. Mulheres de cabelos curtos e homens de cabelo comprido também. Enfim, tudo aquilo que seria considerado ultra-subversivo no meu mundinho “Dilbert” era o padrão ali. Acho desnecessário mas prudente esclarecer que isso não é nenhum juízo de valor, apenas observações de uma espectadora muito curiosa.
Os filmes que vi até agora também só me fazem pensar que ainda sou muito principiante no mundo alternativo. Comecei com Ingmar Bergman, que ganhou uma retrospectiva especial nessa Mostra. Vi Sede de Paixões, um filme com algumas cenas realmente brilhantes, mas cuja mensagem não me fisgou. Na verdade acho que não entendi a mensagem. A meu ver o filme bem que poderia se chamar Mulheres a Beira de Um Ataque de Nervos, se bobear o Almodóvar se inspirou aí pra fazer o seu... A personagem principal, uma ex-bailarina chamada Rut, era tão irritante que acho que se eu a encontrasse na rua eu bateria nela! Se era essa a intenção do Bergman, ele teve sucesso!
O segundo filme com certeza vale muitos créditos para o meu diploma de alternativa. É um filme do Cazaquistão chamado Tulpan, sobre um rapaz que, na contra-mão do que se esperaria de um jovem nos dias de hoje, prefere viver no meio do deserto como pastor de ovelhas ao invés de viver na cidade. E tem que lutar para isso. Achei fantástico poder ver como vivem famílias isoladas no meio das estepes do Cazaquistão, afinal, onde mais eu poderia ver esse tipo de coisa? E tudo muito realista e com boas doses de humor. Mas ainda não sei se gostei de ver uma ovelha dando à luz e o rapaz fazendo respiração boca-a-boca no filhotinho recém-nascido para salvá-lo. Talvez ainda seja um pouco demais para mim...
No fim das contas o que eu mais gostei mesmo até agora foi de ver O Poderoso Chefão na telona. Foi uma experiência inesquecível (morram de inveja, hahaha). Michael Corleone continua arrancando suspiros...
Mas ainda tem muito mais pela frente. Muito mais Ingmar Bergman, muito filme chinês, japonês, polonês, francês, belga, alemão, chileno e até americano! Quem sabe até o final da Mostra eu já não estou me sentindo uma insider?!
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2 comentários:
Pô Gi... fazendo função custo para otimizar a sua escolha de filmes não vale... Faz uma tirinha do Dilbert indo na mostra de cinema...
Muito bem moçinha! Relatou tudo muito bonitinho. Sabe que sempre senti uma quedinha pelo Michael Corleoni(quando jovem), tem um quê que não sei explicar!
: )
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