quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Todo mundo tem uma história com a Sonata ao Luar

Exagero? É, sim, mas como título soa bem!
O caso é que eu já ouvi várias histórias relacionadas com essa música. Sempre que se fala dela alguém comenta: “Nossa, a minha mãe tocava essa música” ou “Puxa, eu aprendi a tocar essa música para o fulano”. É uma música conhecida, claro, mas de um jeito diferente. Parece que ela tem uma vocação pra ficar associada com acontecimentos ou pessoas na nossa memória.
Eu tenho uma história com ela também, que contarei agora. Se você conhecer alguma, conte aqui também!
Quando eu estava no 2º colegial, conheci a Tarsila. Tarsila se mudou para a escola em que eu estudava no segundo ano e logo ficamos amigas. Como nós duas achávamos aquela escola fraca demais e nós duas tínhamos o objetivo de passar na Fuvest, resolvemos estudar juntas por conta própria, todas as tardes. Ela morava perto da escola, então a casa dela acabou se tornando nosso quartel-general. Eu ia para lá quase todos os dias depois da aula e assim passamos muitas tardes juntas. Como ninguém é ferro, muitas vezes a gente não estudava coisa nenhuma e gastava horas conversando sobre a vida. Provavelmente aprendi mais nessas conversas do que com as apostilas do Anglo...
Bem, na casa dela também havia um piano e Tarsila tocava muito bem. Ela era uma artista até o último fio de cabelo, impetuosa e frágil como só os verdadeiros artistas sabem ser. Sabia desenhar, escrever, cantar, tocar piano e se meter em confusão como ninguém. Numa dessas tardes, ela tocou uma música chamada Sonata ao Luar, da qual eu nunca tinha ouvido falar, mas que nunca mais esqueci. Naquela época eu não sabia nada de Beethoven. Sabia que era um desses compositores mais famosos, talvez aquele que tinha ficado surdo, mas eu não tinha muita certeza, eu sempre confundia Beethoven e Mozart. Mas o meu coração já sabia quem era Beethoven e reconheceu naquela música algo de muito especial que só começaria a se revelar anos mais tarde.
Depois disso ainda pedi para que ela tocasse a sonata muitas outras vezes. Não todos os dias, porque não é todo dia que pede Beethoven, mas sempre que sentia necessidade de retornar àquele refúgio secreto no coração, àquele lugar ainda desconhecido, mas tão familiar.
Essa é a minha lembrança com a Sonata ao Luar. Em meio ao turbilhão de sonhos e medos da adolescência, aquele oásis, aquele mundo paralelo, alheio de todas as preocupações mundanas, que a Tarsila criava quando tocava a Sonata ao Luar.

4 comentários:

Daniel Leal disse...

:)

Dzu disse...

Ah Gi eu também tenho uma. A primeira vez que eu ouvi, e cansei de ouvi, foi durante a faculdade. Tinha um monitor de fisica 2 muito bonitinho que me deu uma fita gravada (que eu ainda tenho) com várias músicas de Bahr para ilustrar a entropia he,he. E no final da fita tinha esta única música do Bethoven. Quando eu a ouço como agora me dá sensação de paixão com bastante entropia : )

Tô murcha de saudades : (

Leonardo disse...

Eu também já ouvi várias histórias parecidas com as que você contou relacionadas a esta música. Eu mesmo já gravei fita cassete com ela pra alguém...
Mas na verdade a melhor citação que conheço da música está no Filme "Psicose" de Alfred Hitchcock. Um dos pontos altos do filme é ver a paz de espírito do perturbado Norman Bates ao dedilhar a melodia de Beethoven no piano.

Unknown disse...

com a sonata ao luar só curtia ver minha sogra tocar lá em Medelin Oriental... Catarses mesmo só com a 9th do Ludwig e com Requiem do seu Amadeus. Posso até parecer piegas... mas já chorei também ouvindo Imagine do Lennon... foi quando percebi que todas as pessoas, de Jesus Cristo a Ghandi, que só queriam a paz e o amor no mundo morreram assassinadas.