terça-feira, 18 de novembro de 2008

Momentos marcantes

Quem aqui não se lembra da propaganda do Carlinhos?

Para mim, essa propaganda foi um marco. Lembro como se fosse hoje: eu em casa, vendo novela, conversando, jantando, sei lá, totalmente distraída, quando começo a ouvir aquela música, e em menos de dois segundos eu já tinha esquecido tudo que estava fazendo e colado os olhos na tela, pensando: “caralho, que música é essa???” Foi assim mesmo, como se tivesse sido enfeitiçada. Pudera. Fake Plastic Trees não é o tipo de música que você ouve e sai ileso. E diz muito sobre quem a compôs. Naquele minuto e meio da propaganda eu já soube que, quem quer fosse a banda ou cantor responsável por aquela música, certamente era alguém que sabia o que estava fazendo e não estava nesse mundo de brincadeira.

A música tocou muito nas rádios a partir daí. Acredito mesmo que o Radiohead só ficou mais conhecido no Brasil a partir desse comercial. Devo admitir que foi uma bela introdução. Não sei qual a agência responsável por ela, mas mandou muito bem. A meu ver está mais para arte do que para comercial.

Foi um momento inesquecível, desses que você conta pros netinhos na velhice: a primeira vez que ouvi Radiohead.

Bem, pra matar a saudade segue aí o vídeo (e viva o youtube!):


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Não se leve tão a sério (ou um outro jeito de ver a “perspectiva cósmica”)

Já que ando meio devagar para composições próprias, vou divulgar aqui uns textos excelentes que li já faz um bom tempo, mas que merecem (e como!) a lembrança. Afinal, sempre estive mais para mecenas do que para artista.

O primeiro é essa pérola que o Monteiro Lobato escreveu a respeito de um quiproquó sobre sua entrada na Academia Brasileira de Letras. É um lado do Monteiro Lobato que a maioria das pessoas desconhece. Devo os créditos, porém, ao meu amigo João, que descobriu esse texto no meio de suas pesquisas para a tese de Mestrado e teve a sabedoria de publicá-lo no seu Blog. O Blog dele anda meio desativado, mas vale a visita só pelos textos antigos.

O segundo é um texto publicado no Digestivo Cultural, um site que também vale a visita. Foi escrito pelo colunista Eduardo Mineo, inspiradíssimo nas suas provocações sobre deus e o diabo.

Divirtam-se!

(1)
“(...) O arremate final do paradigma do ‘engraçado arrependido’ vem com um episódio de seu próprio criador, Monteiro Lobato. Já que tomamos seu pequeno conto de 1918 como inspiração para compreender a auto-imagem destes humoristas brasileiros da Belle Époque, é impossível não concluir com a menção a um episódio semelhante quando se propõe, pela terceira vez, desta feita no ano de 1944, o nome do próprio Lobato para a Academia Brasileira de Letras. Antes da consumação do episódio, contudo, é ele mesmo que resolve desistir da candidatura, decisão que parecia um tanto óbvia, já que era inimaginável que o escritor participasse das mesmas reuniões com um acadêmico pelo qual ele nutria um ódio explícito – Getúlio Vargas. O mais importante, contudo, para ilustrar o paradigma do ‘engraçado arrependido’, vem numa carta furibunda que Lobato escreve para [o amigo] Cassiano Ricardo, naquele mesmo ano:

Chegaram-me ao ouvido tantas intrigas a respeito da minha entrada lá, que resolvi pôr fim à situação com um coice, mas estava a mil léguas de supor que ias assim tão magoado. Não culpe o Menotti. Ele fez tudo direitinho. O ruim, o peste, sou eu só. E sabe por quê? Porque não consigo levar a sério coisa alguma nesse indecentíssimo mundo. Academia, presidente, papa, bispos, generais: tudo bonecos, sacos de tripa com muita merda por dentro e só vaidades e bobagenzinhas por fora. A humanidade: um sórdido formigueiro de trágicos pequeninos bípedes a se agitarem num planetinha dos mais vagabundos, um milhão de vezes menor que o Sol, o qual é outra pulga num sistema onde há sóis milhões de vezes maior[es] do que ele. Tudo pulga e pulgões. Tudo zero. Tudo nada. E tudo vaidade das vaidades. O Eclesiastes está certo – é a única coisa certa no mundo – a única coisa decente que o bichinho homem jamais escreveu. Tudo é vaidade e aflição de espírito (...) Você está errado. Toma a sério demais coisas e bichos que não merecem ser tomados a sério. Toma a sério um planeta que no nosso próprio sistema planetário não passa duma isca de pó. Abra um livro de Astronomia e envergonhe-se de fazer parte do rebanho de pulgões que parasita esta isca de pó. Imortais, imortalidade, latas, instituições, reis, presidentes, Getúlio, Armando, Churchill, Stalin, Hitler, tutti quanti: pulguinhas magras convencidas de que são gordas. Literatura: bichinhos dizendo o que pensam de outros bichinhos. Tudo bicharia. Bicheira. Tudo bobagem. Ponha o Eclesiastes em teu criado-mudo e faça dele teu livro de cabeceira – e ria-se comigo do sórdido rebanho que rola às cegas para o abismo da morte, um a falar mal do outro, um a aporrinhar o outro, a roubar o outro, a enganar o outro, a disputar latas vazias, etc. etc.

Mude de ponto de vista e sararás – e rirás do que agora te faz sofrer. Dispa as grandes gentes e veja como são grotescas. Ponha o papa nu, de cuecas, com a piroquinha murcha pendurada e veja se há uma beata que tenha coragem de lhe beijar o pé chupelento. Tome o figurão mais importante aí do Rio e veja-o no banheiro, de cócoras na ‘Pescada’, peidando – botando para fora os resíduos fedorentos do que comeu no [Bar] Brama. E vai você aborrecer-se por causa deste cagão?

Vanitas vanitatem. Tudo é vaidade e aflição de espírito. Distribua um cacho de bananas para os imortais que te aporrinharem por causa do Lobato e ria-se, e vá lavar a alma com um chope no Simpatia. Tome um por você e outro por mim – dos grandes. E ria-se, ria-se, pois só o riso nos salva.

(Excertos extraídos de: SALIBA, Elias Thomé. – Raízes do Riso: a representação humorística na história brasileira – da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. – São Paulo: Companhia das Letras, 2002. – pp. 147-148)."


(2)
Não ria!
http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=2582

Amy Winehouse e a farra criativa

Hoje ouvi no rádio a seguinte notícia: “O dono da gravadora que produz os CDs de Amy Winehouse disse que ouviu demos de novas músicas da cantora e classificou o trabalho como sensacional.”

Mas será o Benedito?! Quanto mais ela tenta se destruir mais o talento dela brilha?? Esse tipo de situação tem cheiro de ironia celestial... Pense bem: enquanto a maioria dos mortais faz tudo conforme o figurino, ou seja, trabalha, estuda, prepara currículo, acorda cedo, guarda dinheiro, vai ao médico, faz exercícios, come frutas, legumes e verduras, ela fica lá enchendo a cara, cheirando até o nariz fazer bico e borrocando os olhos com delineador. Mas quando resolve trabalhar um pouquinho, nos curtos intervalos de lucidez entre uma rehab e outra, eis que o gênio aparece e, sem esforço ou disciplina alguns, uma nova obra-prima é gerada.

É o mito do artista boêmio se revitalizando mais uma vez. De tempos em tempos parece que precisamos deles pra quebrar a monotonia. Dá pra imaginar, por exemplo, a Marilyn Monroe morrendo velhinha, cheia de plásticas e netinhos? Dá pra imaginar o Kurt Cobain cortando a grama do jardim e morrendo de infarto aos 70 anos de idade? Não, não dá, não tem o menor glamour. Até a música clássica tem exemplos assim. Quem não se lembra do embate Mozart x Salieri no filme Amadeus? Salieri era um compositor de certo talento da época, esforçado e disciplinado, mas teve sua obra ofuscada pelo brilho de Mozart. Já Mozart era um fanfarrão, mas quanto mais farra ele fazia, melhor sua música ficava.

Alguém por aí já inventou a expressão “ócio criativo”. Eu estou pensando em cunhar a expressão “farra criativa”. Ah, se fosse fácil assim, né? Se bastasse cortar a orelha pra virar Van Gogh, ou se bastasse casar oito vezes pra virar Vinícius, ou se bastasse se entupir de drogas pra virar Amy. Não, não... a “engenharia reversa” não se aplica à vida, por isso em todo caso é melhor continuar pagando a previdência privada..

terça-feira, 4 de novembro de 2008

WAGNER & BEETHOVEN

Esse foi o melhor blog que me apareceu nos últimos tempos, e olha que tenho visto vários.
Tô rindo que nem besta aqui...

http://wagnerebeethoven.blogspot.com/

"O CÂNONE DA MÚSICA ERUDITA OCIDENTAL É PEQUENO DEMAIS PARA NÓS DOIS, CARA"