segunda-feira, 6 de julho de 2009

Flip - dia 2

Mesa 6.
Foi um debate sobre poesia com uns autores modernos (e jovens) dos quais eu nunca tinha ouvido falar: Heitor Ferraz, Eucanaã Ferraz (eita nominho) e Angélica Freitas.
É interessante saber o que as pessoas do seu tempo, da sua geração, estão escrevendo. Os clássicos são sempre garantidos, claro, não tem erro ler Manuel Bandeira. Mas tem algo de muito especial em ler o que os nossos contemporâneos escrevem. Mesmo que eles não entrem pra galeria dos grandes gênios, tem um apelo especial, um som mais familiar.

Gostei especialmente da Angélica, entao segue um dos poemas que ela leu lá (péssimo ajuntamento de L's...):

"na banheira com gertrude stein

gertrude stein tem um bundão chega pra lá gertude stein e quando
ela chega pra lá faz um barulhão como se alguém passasse um
pano molhado na vidraça enorme de um edifício público

gertrude stein daqui pra cá é você o paninho de lavar atrás da
orelha é todo seu daqui pra cá sou eu o patinho de borracha é meu
e assim ficamos satisfeitas

mas gertrude stein é cabotina acha graça em soltar pum debaixo
d'água eu hein gertrude stein? não é possível que alguém goste
tanto de fazer bolha

e aí como a banheira é dela ela puxa a rolha e me rouba a toalha

e sai correndo pelada a bunda enorme descendo a escada e
ganhando as ruas de st.germain-de-près"

Mesa 7: debate meio quente entre Atiq Rahimi, um afegão refugiado na França, e Bernardo Carvalho, autor brasileiro que eu preciso conhecer. Eu só me lembro que ele escreveu "O sol se põe em São Paulo", livro que faz relativo sucesso, acho que já vi até propaganda no metrô. Do debate mesmo não lembro muita coisa. Ficou só a vontade de ler os livros deles pra ver do que se trata.

Mesa 9: Mario Bellatin, um mexicano meio piradão, e Cristóvão Tezza, autor daquele livro que já tá virando best-seller, "O filho eterno", que conta sua história com seu filho deficiente. Eu esperava que ele falasse mais desse livro, mas o mexicano não deixou. A única coisa que eu acabei guardando dessa conversa foi seu comentário sobre problema pessoal Vs. problema literário:

"escrever não é uma confissão. Para escrever sobre problemas pessoais, é preciso resolvê-los primeiro. Aí, então, ele se torna apenas um problema literário."

sábado, 4 de julho de 2009

Com vocês, Sophie Calle:

"Eu tinha quatorze anos e meus avós queriam corrigir algumas das minhas imperfeições. Iriam refazer meu nariz, esconder a cicatriz da minha perna esquerda com um pedaço de pele retirado das nádegas e, ainda, corrigir minhas orelhas de abano. Eu não estava convencida, mas me tranquilizaram: eu poderia desistir até o último instante. Foi marcada uma consulta com o Dr. F., famoso cirurgião plástico. Foi ele que acabou com as minhas dúvidas. Dois dias antes da operação, ele se suicidou."

Medo

Todo mundo tem medo da morte (é o que dizem).
Eu tenho medo que as pessoas fiquem bravas comigo. Muito mais que da morte, com certeza.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Flip - dia 1

O dia prometia. Xinram e Richard Dawkins na sequência, não é pouca coisa, não.
Mas as palavras mais marcantes acabaram vindo de onde menos se esperava. Domingos de Oliveira, na mesa "Separações":

- Eu sou um cara muito produtivo e vou contar pra vocês qual é o segredo para ser produtivo. É muito simples: basta terminar tudo que você começa. Depois você vê se ficou uma merda ou uma maravilha, mas antes, termine.

- Em algum lugar existe a "terra das obras de arte prontas". O trabalho do artista então não é criar a obra, mas sim tornar-se leve o suficiente para chegar até lá e pegá-la.

* Essa idéia apareceu de novo na mesa sobre poesia da sexta-feira (post depois desse): o poeta seria a mera "impressora de deus", hahaha. De um jeito ou de outro essa idéia já tinha passado pela minha cabeça, mas acho que nunca conseguiria expressá-la tão bem!

- Histórias com final feliz são chamadas "histórias de amor". Histórias com final infeliz são chamadas "histórias de relacionamento".

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Bibliotecas

Outro dia alguém olhou minha estante na sala e perguntou: "esses são todos os livros que você leu na vida? Eu achava que você tinha lido muito mais!"

Só aí que me dei conta: eu não comprei muitos livros na vida. Na verdade, isso é um hábito bem recente. E pior: parece que a minha taxa de leitura de livros segue uma tendência inversamente proporcional à minha taxa de compra de livros. Ou, em termos menos engenheirísticos: quanto mais livro eu compro menos livro eu leio.

Onde estão, então, todos os livros que eu li na vida? Simples: na Biblioteca Municipal de Jundiaí. Também emprestei muito livro das minhas tias e primas, vizinhos e amigos. Comprar livros mesmo, visitar mega-stores, nunca esteve nos hábitos da família. Será isso um hábito de cidade do interior?

Flip - dia 0

Conferência de abertura com Davi Arriguchi Jr.

A platéia lotada ouve atentamente a aula sobre Manoel (ou Manuel? nunca sei...) Bandeira.
Adorei a palestra, mas não pude deixar de pensar que foi muito parecida com a minha aula de Introdução aos Estudos Literários I na faculdade. A diferença é que aqui o palestrante falava para uma platéia lotada, composta pela "nata da intelectualidade nacional", pessoas que dirigiram horas para chegar até aqui e pagaram ingresso para vê-lo pelo telão. Havia até cobertura jornalística, imaginem! Na faculdade o pobre professor Mazzari se mata pra conseguir a atenção de meia dúzia de gatos pingados (a aula dele é no segundo horário, 9 da noite, ou seja, metade da turma já foi embora), cansados e desinteressados em sua maioria, numa salinha apertada, suja, cuja infra-estrutura se limita a mesas e cadeiras dos anos 60 e um projetor de slides quebrado.
A aula é a mesma, só mudou o contexto.
Mas quanta diferença....

Show de abertura da Adriana Calcanhoto

Eu não tinha ingresso, tentei comprar na hora mas estava esgotado. A certa altura, porém, liberaram a entrada pra todo mundo. O show não estava lá mesmo tão disputado.
Enchi a cara de prosecco patrocinado pelo Itaú/Unibanco, from now on, meu banco favorito, hehehe.
Foi uma noite perfeita. A Adriana é linda, tem uma voz de veludo, minhas amigas estavam felizes, tinha uma garotinha brincando na minha frente que lembrava minha sobrinha...
Ri sozinha pensando em quantos shows caríssimos e disputadíssimos eu já fui na minha vida e como esse estava sendo melhor que todos eles. Sinto até ímpetos de fechar esse post com o chavão "as melhores coisas da vida vem de graça", mas é melhor evitar chavões. Só sei que essa foi de graça e foi excelente.

Flip 2009

Como israelenses e palestinos em trégua, paulistas e cariocas encontram-se pacificamente no território sagrado de Parati.
Começa a Flip 2009!