quinta-feira, 2 de julho de 2009

Bibliotecas

Outro dia alguém olhou minha estante na sala e perguntou: "esses são todos os livros que você leu na vida? Eu achava que você tinha lido muito mais!"

Só aí que me dei conta: eu não comprei muitos livros na vida. Na verdade, isso é um hábito bem recente. E pior: parece que a minha taxa de leitura de livros segue uma tendência inversamente proporcional à minha taxa de compra de livros. Ou, em termos menos engenheirísticos: quanto mais livro eu compro menos livro eu leio.

Onde estão, então, todos os livros que eu li na vida? Simples: na Biblioteca Municipal de Jundiaí. Também emprestei muito livro das minhas tias e primas, vizinhos e amigos. Comprar livros mesmo, visitar mega-stores, nunca esteve nos hábitos da família. Será isso um hábito de cidade do interior?

Flip - dia 0

Conferência de abertura com Davi Arriguchi Jr.

A platéia lotada ouve atentamente a aula sobre Manoel (ou Manuel? nunca sei...) Bandeira.
Adorei a palestra, mas não pude deixar de pensar que foi muito parecida com a minha aula de Introdução aos Estudos Literários I na faculdade. A diferença é que aqui o palestrante falava para uma platéia lotada, composta pela "nata da intelectualidade nacional", pessoas que dirigiram horas para chegar até aqui e pagaram ingresso para vê-lo pelo telão. Havia até cobertura jornalística, imaginem! Na faculdade o pobre professor Mazzari se mata pra conseguir a atenção de meia dúzia de gatos pingados (a aula dele é no segundo horário, 9 da noite, ou seja, metade da turma já foi embora), cansados e desinteressados em sua maioria, numa salinha apertada, suja, cuja infra-estrutura se limita a mesas e cadeiras dos anos 60 e um projetor de slides quebrado.
A aula é a mesma, só mudou o contexto.
Mas quanta diferença....

Show de abertura da Adriana Calcanhoto

Eu não tinha ingresso, tentei comprar na hora mas estava esgotado. A certa altura, porém, liberaram a entrada pra todo mundo. O show não estava lá mesmo tão disputado.
Enchi a cara de prosecco patrocinado pelo Itaú/Unibanco, from now on, meu banco favorito, hehehe.
Foi uma noite perfeita. A Adriana é linda, tem uma voz de veludo, minhas amigas estavam felizes, tinha uma garotinha brincando na minha frente que lembrava minha sobrinha...
Ri sozinha pensando em quantos shows caríssimos e disputadíssimos eu já fui na minha vida e como esse estava sendo melhor que todos eles. Sinto até ímpetos de fechar esse post com o chavão "as melhores coisas da vida vem de graça", mas é melhor evitar chavões. Só sei que essa foi de graça e foi excelente.

Flip 2009

Como israelenses e palestinos em trégua, paulistas e cariocas encontram-se pacificamente no território sagrado de Parati.
Começa a Flip 2009!

domingo, 21 de junho de 2009

Meu primeiro Bloomsday

Bloomsday é o nome que se dá a uma comemoração literária anual bastante atípica. O que se comemora não é a data de nascimento nem de morte de um dos maiores nomes da literatura mundial, James Joyce. É a data de celebração de seu maior personagem, Leopold Bloom. Ou seja, a ficcção tornou-se mais real que a realidade. O personagem, e não o escritor, ganhou um dia só seu no calendário!
Joyce é autor do que muitos consideram a maior obra da literatura mundial do século XX, Ulisses. Ulisses, uma "bíblia" de quase 800 páginas, narra um dia na vida de Leopold Bloom, em seu percurso pela Dublin do início do século. Não, você não leu errado: as 800 páginas são preenchidas por um único dia na vida de um sujeito que nada tem de especial. Esse dia é 16 de junho de 1904. E é justamente no dia 16 de junho que se celebra, todos os anos, a vida e a obra de Joyce.
A ironia final é saber que Joyce participa, sim, do romance, na pele de Stephen Dedalus, seu personagem alter-ego, o eruditíssimo e complicadíssimo amigo de Bloom. Mas o grande nome mesmo é Bloom. O que me leva a pensar que aí é que reside grande parte de sua genialidade: a capacidade de retratar com autencidade quase inacreditável um homem totalmente diferente dele mesmo. E, como se não bastasse, ele retrata de forma igualmente assustadora uma mulher, Molly Bloom, a fiel-infiel esposa de Bloom. Dizem os estudiosos que o capítulo final de Ulisses, em que os pensamentos de Molly são retratados sem censura e sem interrupção por quarenta páginas, é um dos melhores retratos da alma feminina jamais escritos.
A comemoração começou na Irlanda, terra natal de Joyce, e se propagou por todos os cantos do mundo. São Paulo ganhou um Bloomsday pra chamar de seu há 22 anos. Todos os anos os fãs do escritor reunem-se no Finnegans Pub para beber cerveja guinness e ler trechos da obra.
Demorei pra descobrir o evento, mas valeu a pena. Ano que vem estarei lá de novo. E, espero (fica aqui a promessa), já tendo lido o Ulisses. É uma empreitada e tanto, mas, como bem disseram os palestrantes deste ano, melhor que interpretação, palestra, música, festa, etc, é a comemoração solitária, só você e o Joyce, no silêncio da leitura.
Se seu filho vai bem na escola, preocupe-se: só os maus alunos dão certo.

terça-feira, 26 de maio de 2009

domingo, 26 de abril de 2009