quinta-feira, 2 de julho de 2009

Flip 2009

Como israelenses e palestinos em trégua, paulistas e cariocas encontram-se pacificamente no território sagrado de Parati.
Começa a Flip 2009!

domingo, 21 de junho de 2009

Meu primeiro Bloomsday

Bloomsday é o nome que se dá a uma comemoração literária anual bastante atípica. O que se comemora não é a data de nascimento nem de morte de um dos maiores nomes da literatura mundial, James Joyce. É a data de celebração de seu maior personagem, Leopold Bloom. Ou seja, a ficcção tornou-se mais real que a realidade. O personagem, e não o escritor, ganhou um dia só seu no calendário!
Joyce é autor do que muitos consideram a maior obra da literatura mundial do século XX, Ulisses. Ulisses, uma "bíblia" de quase 800 páginas, narra um dia na vida de Leopold Bloom, em seu percurso pela Dublin do início do século. Não, você não leu errado: as 800 páginas são preenchidas por um único dia na vida de um sujeito que nada tem de especial. Esse dia é 16 de junho de 1904. E é justamente no dia 16 de junho que se celebra, todos os anos, a vida e a obra de Joyce.
A ironia final é saber que Joyce participa, sim, do romance, na pele de Stephen Dedalus, seu personagem alter-ego, o eruditíssimo e complicadíssimo amigo de Bloom. Mas o grande nome mesmo é Bloom. O que me leva a pensar que aí é que reside grande parte de sua genialidade: a capacidade de retratar com autencidade quase inacreditável um homem totalmente diferente dele mesmo. E, como se não bastasse, ele retrata de forma igualmente assustadora uma mulher, Molly Bloom, a fiel-infiel esposa de Bloom. Dizem os estudiosos que o capítulo final de Ulisses, em que os pensamentos de Molly são retratados sem censura e sem interrupção por quarenta páginas, é um dos melhores retratos da alma feminina jamais escritos.
A comemoração começou na Irlanda, terra natal de Joyce, e se propagou por todos os cantos do mundo. São Paulo ganhou um Bloomsday pra chamar de seu há 22 anos. Todos os anos os fãs do escritor reunem-se no Finnegans Pub para beber cerveja guinness e ler trechos da obra.
Demorei pra descobrir o evento, mas valeu a pena. Ano que vem estarei lá de novo. E, espero (fica aqui a promessa), já tendo lido o Ulisses. É uma empreitada e tanto, mas, como bem disseram os palestrantes deste ano, melhor que interpretação, palestra, música, festa, etc, é a comemoração solitária, só você e o Joyce, no silêncio da leitura.
Se seu filho vai bem na escola, preocupe-se: só os maus alunos dão certo.

terça-feira, 26 de maio de 2009

domingo, 26 de abril de 2009

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pra que ser racional se é tão mais racional ser irracional?

“Não entender” era tão vasto que ultrapassava qualquer entender – entender era sempre limitado. Mas não-entender não tinha fronteiras e levava ao infinito, ao Deus. Não era um não-entender como um simples de espírito. O bom era ter uma inteligência e não entender. Era uma benção estranha como a de ter loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura de estupidez.

(…) Compreender era sempre um erro – preferia a largueza tão ampla e livre e sem erros que era não-entender. Era ruim, mas pelo menos se sabia que se estava em plena condição humana.

(Clarice Lispector, em "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres")